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Commodities Agrícolas em Junho de 2025: Panorama Mensal e Projeções

Commodities Agrícolas 2025: Panorama Mensal e Projeções

Commodities Agrícolas em Junho de 2025: Panorama Mensal e Projeções

Junho de 2025 foi marcado por movimentações importantes no agronegócio brasileiro e mundial. Houve ajustes de preços, influência do clima, mudanças nas exportações e, sobretudo, forte presença dos fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas. Este texto apresenta um panorama completo do mês, com dados atualizados e fontes citadas por extenso para garantir máxima transparência.

Desempenho das Principais Commodities

Soja — estabilidade em meio à oferta abundante

A safra brasileira de soja 2024/25 deve atingir 168,3 milhões de toneladas, novo recorde histórico, segundo o 8.º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, divulgado em 15 de maio de 2025). No mercado físico, a saca encerrou junho a R$ 129,83 no Paraná; já em Paranaguá, variou entre R$ 130 e R$ 135. Nos Estados Unidos, o contrato julho/25 fechou a US$ 1.046,78 por bushel (queda acumulada de 10% no ano), conforme cotações da Chicago Board of Trade – CBOT de 28 de junho de 2025.

Milho — pressão da oferta global

A Conab projeta 126,9 milhões de toneladas de milho para 2024/25, alta de 9,9% sobre a temporada passada (Conab, 15 mai 2025). Em São Paulo, a saca chegou a R$ 68,43; na B3, o contrato julho permaneceu em R$ 64,64. Na CBOT, o contrato julho/25 caiu 2,2%, negociado a US$ 4,1925 por bushel (CBOT, 28 jun 2025).

Café — destaque de alta no ano

O contrato julho/25 do café arábica na ICE Futures US fechou em US$ 3,192/lb, 38% acima de junho de 2024. No Brasil, o arábica terminou o mês a R$ 1.976,30 por saca, enquanto o robusta subiu para R$ 1.186,21 (dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea/Esalq, 30 jun 2025).

Exportações e Balança Comercial

Soja e milho em foco

Para junho, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec, Boletim semanal de 10 jun 2025) estimou embarques de 12,55 milhões de toneladas de soja e até 1 milhão de toneladas de milho, volume que tende a crescer no segundo semestre.

Superávit externo

A Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC, Coletiva de 5 jun 2025) registrou superávit de US$ 7,239 bilhões em maio. No acumulado de 2025 até maio, as exportações somam US$ 136,93 bilhões e as importações US$ 112,49 bilhões.

Panorama dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos Agrícolas

Faturamento em alta

Entre janeiro e abril, o setor faturou R$ 20,3 bilhões, crescimento de 20,6% frente a 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos – ABIMAQ (Relatório Econômico, 29 mai 2025). A entidade projeta faturamento de R$ 65 bilhões em 2025, alta de 8,2% (ABIMAQ, Coletiva Agrishow, 27 abr 2025).

Líderes globais e nacionais

  • John Deere: a fabricante projeta que o Brasil será seu segundo maior mercado global nos próximos 5–10 anos, superando a Europa (Entrevista de executivos à Bloomberg News, 11 jun 2025).
  • AGCO (Massey Ferguson, Valtra, Fendt): previsão de crescimento de 3% a 5% nas vendas em 2025 (Coletiva AGCO na Agrishow, 30 abr 2025).
  • CNH (Case IH, New Holland): apesar de queda de lucro de 67% no 1.º tri, a empresa anunciou plano de renovação completa de tratores até 2030 (Conferência de resultados CNH, 8 mai 2025).
  • Fabricantes nacionais como Stara, Jacto, Baldan e Piccin ampliaram participação externa via programa Brazil Machinery Solutions, parceria ApexBrasil–ABIMAQ (Relatório BMS, 2025).

Impacto social

O setor de máquinas responde por 22% das vendas da indústria de equipamentos e emprega 119 mil pessoas, segundo o Observatório da Indústria da CNI (Boletim Emprego, 20 mai 2025).

Investimentos em tecnologia

A Bosch anunciou R$ 200 milhões para P&D em agricultura inteligente no Brasil nos próximos três anos, esperando reduzir em até 62% o uso de insumos (Release Bosch, 6 mar 2025). Máquinas de fabricantes líderes já saem de fábrica equipadas com telemetria e antenas Starlink (Reportagem Globo Rural, 9 jan 2025).

Fatores Climáticos e Projeções para 2025/26

Condições amenas, mas com risco de geadas em altitude, favorecem produtividade em 2025. Para 2025/26, a Conab projeta queda de 13,3% no preço médio da soja até março de 2026 e aumento de 17,7% nos custos com fertilizantes (Conab, 15 mai 2025), reduzindo margens brutas do produtor de soja com terra própria em 47,6%.

Ambiente Macroeconômico

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) recuou para 0,26% em junho, com alimentos registrando a primeira deflação (-0,02%) depois de nove altas (IBGE, 27 jun 2025). O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic a 15% em 19 junho de 2025, encarecendo o crédito rural.

Geopolítica e Comércio

Tensões EUA–China continuam a influenciar fluxos de commodities. As exportações brasileiras para China, Hong Kong e Macau recuaram 0,5% em maio (Secex/MDIC, 5 jun 2025), mas o país asiático segue como principal destino da soja, absorvendo cerca de 75% dos embarques (Anec, 10 jun 2025).

Tendências e Inovação

A agenda ESG avança entre produtores e fabricantes, enquanto a digitalização do campo – com drones, IA e IoT – já movimentou R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios na Agrishow 2025 (Cobertura AgroLink, 27 abr 2025).

Projeções para o Segundo Semestre

O Banco Mundial (Commodity Markets Outlook, abril de 2025) prevê preços estáveis das commodities agrícolas em 2025, com leve queda em 2026/27. O Valor Bruto da Produção (VBP) deve crescer 12,3% (Ministério da Agricultura, 13 mai 2025), enquanto o PIB do agronegócio subiu 6,49% no 1.º tri (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea, 24 jun 2025). O desempenho das fabricantes de máquinas seguirá condicionado ao próximo Plano Safra, a ser anunciado em julho.

Conclusão

Junho de 2025 provou a força do agronegócio brasileiro: café em alta, soja e milho sob pressão de oferta, e fabricantes de máquinas crescendo em faturamento e inovação. Mesmo com margens mais apertadas para o produtor, o setor segue resiliente. Sustentabilidade e digitalização são caminhos sem volta, e o Brasil tem todos os recursos – terra, tecnologia e talento – para se consolidar ainda mais como potência agrícola global. O segundo semestre trará desafios, mas também oportunidades para quem investir em eficiência e inovação. O agro brasileiro continua firme, alimentando o país e o mundo com visão de futuro.

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