Commodities agrícolas em agosto de 2025 panorama mensal e projeções

Agosto de 2025 foi um mês marcado por movimentações importantes no agronegócio brasileiro, destacando a continuidade da produção recorde, variações nos preços das principais commodities, impactos climáticos e um desempenho sólido do setor de máquinas agrícolas. A seguir, um panorama detalhado do desempenho do agro no país e as tendências para os próximos meses.

Produção e comercialização

A safra de grãos 2024/25 no Brasil manteve-se em níveis recordes. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que a produção deve ultrapassar 340 milhões de toneladas, um crescimento superior a 15% em relação à temporada anterior. Milho, soja e algodão seguem como os principais destaques. A colheita da safrinha de milho atingiu 91,1% na região Centro-Sul do país, com destaque para o Matopiba, onde já foi colhido praticamente 100% da área plantada, segundo dados da consultoria Safras & Mercado.

Apesar de avanços na colheita, a comercialização ainda apresenta volume considerável de grãos armazenados nas mãos dos produtores. Dados da Revista Cultivar indicam que a comercialização da safra 2024/25 alcança 70%, abaixo da média histórica de 75%, restando cerca de 51 milhões de toneladas nas mãos dos produtores. Para a nova safra 2025/26, apenas 16% já foram vendidos, contra média de 21%.

Mercado e preços

O mercado de soja apresentou valorização em agosto nas principais praças brasileiras. Segundo o Canal Rural, agosto trouxe preços mais altos para a soja no Brasil, com o mercado aquecendo na largada do mês. A valorização ocorreu mesmo com a grande oferta disponível, sinalizando demanda firme tanto no mercado interno quanto externo.

Já o milho teve os preços pressionados pela grande oferta devido à safra recorde e colheita praticamente finalizada na maioria das regiões. As cotações do milho apresentaram estabilidade, refletindo o cenário mundial de estoques elevados.

A cotação da arroba do boi gordo reagiu positivamente no mês, com demanda firme para carnes suínas, de frango e ovos puxando aumentos nos preços internos.

Fabricantes de máquinas e implementos agrícolas

O setor de máquinas agrícolas mostrou desempenho robusto em agosto de 2025. Segundo a Fenabrave, as vendas de tratores subiram 17% em julho ante julho de 2024, somando 5,3 mil unidades. No acumulado de janeiro a julho, as vendas de tratores tiveram crescimento de 19,2%, totalizando 28,7 mil unidades.

Principais fabricantes e movimentações

Crescimento Concentrado em Tratores Menores: O mercado segue concentrado nas máquinas de menor potência, abaixo de 100 cavalos, que representam quase 73% das vendas. As encomendas desse tipo de trator estão sendo puxadas por linhas de crédito oficiais, especialmente do Pronaf, voltado à agricultura familiar com taxas de juros inferiores a 5% ao ano.

Esgotamento do Pronaf: Um dado relevante de agosto foi que os recursos destinados ao Pronaf para o Plano Safra 25/26 praticamente se esgotaram em meados do mês, demonstrando o apetite do produtor por taxas de juros mais baixas, conforme observou Arcelio Junior, presidente da Fenabrave.

AGCO: A empresa registrou desafios no primeiro semestre, com queda de 24,1% nas vendas globais, totalizando US$ 4,7 bilhões. No Brasil, a AGCO projeta crescimento entre 0% e 5% em 2025, com investimentos de R$ 300 milhões no país. A empresa expandiu sua presença com a Fendt chegando ao Tocantins através de duas novas lojas da rede Planalto Tratores.

John Deere: A empresa participou ativamente de eventos setoriais em agosto, como o Show Florestal 2025 em Três Lagoas (MS), onde apresentou inovações como o Harvester 1270H e o Forwarder 1010G. A John Deere também esteve presente na InfraBusiness Expo 2025 em Belo Horizonte, destacando seu portfólio de construção.

Colheitadeiras: As vendas de colheitadeiras mostraram forte recuperação, com 282 unidades vendidas em julho, 81,9% acima do número de um ano antes. No acumulado dos sete primeiros meses, as vendas subiram 14,7% frente ao mesmo período de 2024.

Perspectivas do setor

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) mantém projeção de crescimento de 8,2% nas vendas para 2025, movimentando R$ 65 bilhões no setor. O crescimento é sustentado pela modernização das frotas, adoção de tecnologias embarcadas e necessidade de renovação de equipamentos defasados.

Condições climáticas

Agosto foi caracterizado por um clima predominantemente seco no Brasil, com algumas frentes frias passando pelo interior do país, principalmente no Centro-Sul. O destaque ficou para risco de ondas de calor na segunda quinzena em áreas do Centro-Oeste, Nordeste e Norte, além do interior do Sudeste e Sul do país, conforme previsões da Climatempo.

A região Sul apresentou temperaturas e chuvas dentro ou ligeiramente acima da média histórica, favorecendo algumas lavouras. No Sudeste, as temperaturas altas combinadas com chuvas em níveis normais ajudaram no desenvolvimento das culturas.

Logística e exportações

O agronegócio continua firme como motor da economia brasileira. As exportações agropecuárias registraram bom ritmo em agosto, principalmente no segmento de cereais, oleaginosas e carnes. Porém, desafios logísticos persistem, com pressão sobre a infraestrutura portuária e transporte rodoviário.

Perspectivas para os próximos meses

O horizonte para o segundo semestre aponta para a continuidade do crescimento da produção agrícola e do setor de máquinas, apoiado pela modernização tecnológica, expansão da área plantada e investimentos em infraestrutura. A expectativa é de que a comercialização das safras acelere devido à demanda doméstica e internacional em recuperação.

O setor de máquinas agrícolas deve manter o ritmo de crescimento, impulsionado pela necessidade de renovação de frotas e adoção de tecnologias de agricultura de precisão.

Conclusão

Agosto de 2025 foi um mês de consolidação para o agronegócio brasileiro, com produção recorde, preços estáveis na maioria das commodities e forte desempenho do setor de máquinas agrícolas. O esgotamento rápido dos recursos do Pronaf demonstra a demanda reprimida por investimentos no campo, enquanto os fabricantes de máquinas aproveitam eventos setoriais para apresentar inovações e expandir mercados.

O investimento em inovação, infraestrutura e gestão continuará sendo fundamental para a sustentabilidade e competitividade do agro nacional nos próximos meses.

Fontes: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Safras & Mercado, Climatempo, Fenabrave, AGCO, John Deere, ABIMAQ, Canal Rural, Revista Cultivar, ForzzadoAgro.