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Commodities agrícolas em maio de 2025: panorama mensal e projeções

Commodities Agrícolas 2025: Panorama Mensal e Projeções

Commodities agrícolas em maio de 2025: panorama mensal e projeções

Maio de 2025 foi um mês de intensas movimentações e importantes decisões para o agronegócio, tanto no Brasil quanto no cenário global. Com o encerramento da safra de verão em algumas regiões e o avanço da safrinha, o setor acompanhou de perto as condições climáticas, as políticas governamentais e as dinâmicas de mercado que moldam as perspectivas para os próximos meses.

No Brasil: recuperação, desafios e a saúde animal

No Brasil, o destaque de maio foi a consolidação de uma supersafra de grãos 2024/2025, impulsionando o desempenho do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2025, com um crescimento expressivo do setor agropecuário. Estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para um aumento significativo na produção de grãos, leguminosas e oleaginosas em 2025, especialmente puxado pela recuperação da safra de soja, que teve problemas em 2024. A expectativa é de que a produção de soja alcance um novo recorde histórico, com projeções de aumento substancial em relação ao ano anterior. O milho também mostra perspectivas positivas, com aumento na produção total para os três ciclos da cultura.

Entretanto, o clima permaneceu como um fator crucial e, em algumas regiões, trouxe desafios. Maiores preocupações surgiram com a possibilidade de geadas, especialmente em áreas de São Paulo e Mato Grosso do Sul, e a chegada de um ciclone extratropical que causou fortes vendavais no Rio Grande do Sul, além de neve em alguns pontos do sul do país. Esses eventos climáticos reforçam a necessidade de um manejo adaptativo e monitoramento constante por parte dos produtores.

A gripe aviária manteve o setor de aves em alerta. Embora o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) tenha descartado casos em humanos e contido focos em algumas localidades, como em Montenegro (RS), o país ainda investiga seis casos suspeitos em aves e viu 42 mercados suspenderem, em algum nível, as importações de carne de frango do Brasil. Apesar disso, o ministro da Agricultura afirmou que o foco está contido e que o Brasil deve anunciar em breve que o país está livre da doença. Isso é crucial para manter a posição do Brasil como um dos maiores exportadores globais de carne de frango.

Em outras cadeias, o setor de leite registrou um recuo no preço spot na segunda quinzena de maio, com o mercado ainda pressionado por dificuldades nas vendas de lácteos, embora estados do Sul, como Santa Catarina e Paraná, tenham mantido preços relativamente estáveis. Para a carne suína, houve queda nos preços em maio, refletindo uma postura mais cautelosa da indústria, mas as exportações de carne suína in natura registraram alta no valor médio diário em comparação com maio de 2024. O país também foi declarado livre de febre aftosa em vacinação em diversas regiões, um marco importante para a cadeia produtiva da carne bovina.

As exportações agrícolas brasileiras em maio de 2025 tiveram um crescimento de 4,7%, atingindo US$ 24,08 bilhões no total do mês. O acumulado de janeiro a maio de 2025 também mostrou um aumento de 1,9%, totalizando US$ 131,39 bilhões. Destaques positivos para o setor de frutas, que ampliou suas exportações no primeiro trimestre de 2025, com melão, melancia e limão/lima apresentando crescimento significativo em valor e volume, impulsionados pela demanda internacional e condições climáticas favoráveis.

O setor de fabricantes de veículos agrícolas e implementos também teve um bom desempenho. Após a Agrishow 2025, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) projetou um crescimento de 8,2% para o setor, esperando movimentar R$ 65 bilhões até o fim do ano. A expectativa é que o novo Plano Safra 2025/2026 traga linhas de financiamento acessíveis para manter o ritmo de crescimento, já que a renovação da frota se faz necessária.

No cenário global: mercado volátil e tendências tecnológicas

Globalmente, maio de 2025 foi marcado por uma dinâmica mista nos mercados agrícolas. Houve volatilidade nos preços de commodities como soja, milho e trigo na bolsa de Chicago (CME), com algumas altas impulsionadas por fatores externos, como o petróleo. A demanda global por grãos continua aquecida, especialmente vinda da Ásia, o que beneficia as exportações brasileiras de soja. A gripe aviária continua a ser uma preocupação mundial, impactando os preços de aves e ovos em diversas regiões, e levando a perdas comerciais em granjas ao redor do mundo.

As condições climáticas globais também foram foco de atenção. Enquanto algumas regiões produtoras de trigo reportaram umidade favorável para o plantio e estabelecimento das culturas de inverno, outras, como Sonora no México, enfrentaram os menores níveis de água para irrigação em 20 anos, resultando em menor plantio de trigo de inverno. Na Europa, as projeções para a produção total de grãos da União Europeia para a safra 2025/2026 foram ligeiramente ajustadas. O setor de óleo de palma na Malásia espera uma recuperação na produção, após ser impactado por inundações.

Além das flutuações de mercado e clima, o agronegócio global segue impulsionado por tendências tecnológicas e a busca por sustentabilidade. Inteligência artificial (IA) e agritech, robótica, drones agrícolas, agricultura de precisão e agricultura regenerativa são temas em evidência, remodelando as práticas agrícolas. A demanda por alimentos em economias emergentes e a implementação de novas políticas, como a regulamentação de desmatamento da União Europeia (EUDR), também estão ditando mudanças nas cadeias de suprimentos e nas práticas de produção.

Expectativas para os próximos meses

Para os próximos meses, as expectativas no Brasil são de continuidade da boa performance do agronegócio, com a colheita da safrinha de milho ganhando ritmo. A maior disponibilidade de grãos no mercado interno pode levar a um recuo nos preços, mas a rentabilidade dos produtores deve se manter. O setor pecuário espera uma estabilidade na arroba do boi gordo, com escalas de abate recuando, o que é positivo para o mercado em junho. A produção de café arábica será acompanhada de perto, enquanto o conilon pode ter produção superior.

Globalmente, a atenção se volta para o plantio de trigo de inverno na Argentina em junho e as condições climáticas nas principais regiões produtoras de grãos, com risco de seca em algumas áreas dos Estados Unidos e padrões mistos de precipitação na China. As tensões geopolíticas e as políticas comerciais continuarão a influenciar os mercados.

No geral, o agronegócio brasileiro projeta um ano de recuperação e crescimento em 2025, impulsionado pela boa safra e pela valorização de seus produtos. No cenário global, a resiliência do setor será testada pela variabilidade climática e pelas dinâmicas de mercado, mas a inovação e a busca por sustentabilidade seguirão como motores de transformação.

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